sábado, 23 de janeiro de 2010

Rações para se emocionar

Como todo sábado em que nosso filho mais velho não acorda em casa, tomamos café da manhã juntos só nós dois e ficamos cada um no seu cantinho, até que João apareceu, eu estava saindo, e ele resolveu ir comigo buscar a impressora na assistência técnica.

Insisti em dirigir, pois teria apenas 20 minutos para conseguir chegar a tempo de pegar o escritoriozinho aberto, até o meio-dia. Como sempre, tudo certo e, com a impressora no carro, fomos ao pet shop da desembargador.

Esse petshop sempre foi bom nos preços, e tem variedade. "É o campeão em vendas da região oeste" – disse uma vez o representante de uma distribuidora de medicamentos. Mas, como todo comércio de produtos para animais, se sustenta com venda de ração.
– Posso ajudá-la? – aproxima-se uma moça de cabelos pretos.
– Ãh, ha... – enquanto recolhia pacotes de 400 g de alguns tipos de ração gostosinha de gatos. – não, obrigada.
– O que a senhora está procurando?
Paz de espírito, teria respondido se me encontrasse diante de deus.
Mas disse algo vago, estava só por ali olhando, que pegaria algumas rações e iria embora.
– Qual a ração que a senhora dá?
– Hã, ah...
– Royal Canin?
– Não. Olha... Não preciso de ajuda mesmo. É... Sabe... sou veterinária e estou... – então sou interrompida
– TÁ BOM, EU SÓ ESTAVA TENTANDO FAZER O MEU TRABALHO
Frhuu. Saco, fiquei umas duas horas fora do centro, orbitando na sensação de estranhamento ao ser rejeitada. Odeio quando não consigo ser simpática. É difícil, pra mim, não agradar, realmente.

Tentava me concentrar em quais variedades e marcas levaria para a Isabela comer. Uma outra para filhotes, já que a primeira que eu havia comprado tinha sido muito bem apreciada por ela no início, mas agora já não era mais aceita espontaneamente pela gatinha que emagrecia a cada dia. Lembrei-me, por um instante, de quando Isabela era bebê, com aquele olho inchado, uma gastroenterite branda (em comparação com seu colega de caçamba, o Bossa I, que cagava pura água...) e uma vontade imensa de viver. Foi quando comprei as mamadeirinhas de filhotes de gato que guardo até hoje. Comprei diversas e o Bossa I não mamava direito em nenhuma... Puxa vida, filhotes órfãos são complicados, mas sempre dão ótimos gatos. Bossa I morreu, ou melhor, foi sacrificado. Naquela época eu tive de optar, mas ele não teria sobrevivido de forma alguma, estava em pleno definhamento neonatal. Mas Isabelinha está aí até hoje, essa gata mais querida do mundo. João fala de vez em quando que ela me ensinou veterinária, uma grande verdade. Mais que isso, em uma vida apenas me ensinou a ser mãe!

Levei também uma ração hipercalórica / hiperproteica para animais doentes e uma para gatos exigentes. Depois fui procurar comida pra pomba. Acabei levando painço e uma papinha de aves. Paralelamente, João escolhia coisas para o novo aquário.

No carro, ele me conta dos episódios do seriado que acabou de baixar. Meu marido parece bem, adoro quando ele conversa comigo. Nunca fala de si mesmo. Ou melhor, nunca falava, pois de um tempo pra cá tenho o conhecido cada vez mais, por ele próprio, quem ele realmente é e as coisas pelas quais passou. Combinamos ir no dia seguinte ao pet shop grande, com o Tomás, escolher a namorada do Nemo, o peixe.

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